*atualizado em 2023 (antes do jogo contra o Barcelona-EQU)
Entra ano, sai ano e este feriado de quinta-feira é sempre lembrado por algum rival pela alcunha de Porcus Tristis (depois os espíritos de porco somos nós). O gracejo instintivamente tem um fundo de verdade – todo palmeirense se lembra de algum tropeço nesta época do ano.
De modo geral, porém, essa fama é justa? Para saber isso, o Instituto Palestrino de Estatística decidiu compilar todos os resultados do Verdão que coincidiram com o feriado desde 1987; por “coincidiram”, leia-se jogos na terça, quarta ou na própria quinta, já que quando a partida é no fim-de-semana anterior ou posterior o efeito não é o mesmo (em 2011, por exemplo, o último jogo antes do feriado foi no domingo, vitória por 5 a 0 sobre o Avaí. Mas quatro dias antes não dá para tirar um barato nem ser vítima de gozação).
E por que 1987? Porque a famosa capa da Placar em que Jorginho aparece com o porco, “oficializando” o suíno como mascote verde, é de novembro de 1986. Assim, o feriadão de 87 foi o primeiro em que o trocadilho faria sentido.
Pois bem, a primeira oportunidade já foi um prenúncio do que viria: pelo Paulistão de 1987, o Palmeiras perdeu para a Ferroviária na quarta-feira pré-folga. E este foi apenas o início de uma sequência tenebrosa, que até 2012 teve uma única vitória… num amistoso! Em 2013, contra o ASA, finalmente o Palmeiras venceu um jogo que valia. Aí, no tenebroso ano de 2014 a pausa pra Copa evitou um mico e, em 2015, um empate chocho em casa. Em 2016 ganhamos, aleluia – não é à toa que terminamos aquele Brasileiro com a taça. Mas 2017 e 2018 mostraram que a maldição seguia à espreita. Após dois anos sem jogar neste período, por Copa América e pandemia, 2021 teve uma vitória que parecia óbvia, mas aparentemente tratava-se de uma bomba-relógio.
No todo, são míseras cinco vitórias, seis empates (dois deles desastrosos) e sete derrotas. O aproveitamento do time nessa data é de meros 35% (e era de 24% até 2012), contra 56% no geral dos anos em que jogamos nessa data. Isso sem citar as eliminações – ou seja, a troça que aguentamos anualmente faz todo sentido.
Sabendo disso, por que não desistimos deste texto? Hesitamos muito em publicá-lo; porém, não devemos acreditar em “fantasmas do Palestra”, “maldições de ex-jogadores”, “traumas de quartas-de-final” e superstições do gênero. Cabe ao Verdão tomar vergonha na cara e não dar corda pra se enforcar, ou alguém aí acha que realmente é o calendário que define o que vai acontecer conosco?
De mais a mais, vale lembrar outro dia de Corpus Christi: em 1993, o feriado caiu em 10/6. Os palmeirenses estavam temerosos, pois no domingo anterior Viola havia imitado um porquinho e a vingança de 1974 parecia plausível. Aquela semana, porém, acabou por entrar na história de modo bem diferente.
Eis a lista completa dos jogos desse período:
1987: Ferroviária 1×0 Palmeiras (Paulistão)
1988: São José 1×1 Palmeiras (Paulistão)
1989: Bragantino 1×1 Palmeiras (Paulistão)
1990: Rio Branco 1×1 Palmeiras (Paulistão)
1991: Seleção de Bocaina 0x5 Palmeiras (Amistoso)
1999: Deportivo Cali 1×0 Palmeiras (ida da final da Libertadores)
2000: Palmeiras (2) 0x0 (4) Boca Juniors (volta da final da Libertadores)
2001: Palmeiras (2) 2×2 (3) Boca Juniors (volta da semifinal da Libertadores)
2005: São Paulo 2×0 Palmeiras (volta das oitavas da Libertadores)
2010: Palmeiras 0x1 Flamengo (Brasileiro)
2012: Sport 2×1 Palmeiras (Brasileiro)
2013: ASA 0x3 Palmeiras (Série B)
2015: Palmeiras 1×1 Inter (Série A)
2016: Palmeiras 2×0 Fluminense (Série A)
2017: Santos 1×0 Palmeiras (Série A)
2018: Cruzeiro 1×0 Palmeiras (Série A)
2021: CRB 0x1 Palmeiras (Copa do Brasil)
2022: Palmeiras 4×2 Atlético-GO (Brasileiro)
Mas esse 5×0 do Avaí tem um porém… foi desse jogo que começou o “Caso Kleber”, que espalhou discórdia por todo o resto da temporada, e com certeza tem sequelas até hoje
Mais uma bela sacada do IPE e muito bem observado: nenhuma superstição ou “maldição” resistem a um time em boa fase. Esperamos que ela chegue logo.
Olá! Eu retornaria a pesquisa sobre esta data até 1977, que foi quando os adversários (mais especificamente os gambás, já que o SP nem tinha torcida nessa épica) recomeçaram com essa história de chamar o palmeirense de porco, pejorativamente (que vem da época da guerra e que voltou à baila sem muita força no fim dos anos 60). Em 1986 foi quando a torcida resoveu “assumir” o porco, e assim conseguiu abafar as provocações (o que não conseguiram os “bambis” e “gambás”, apelidos que também conheço desde o final dos anos 70, apesar de idiotas da imprensa insistirem que bambi foi invenção do Vampeta).
Em 1989 o empate em Bragança nos valeu a “taça dos invictos”, troféu muito valorizado na época, em um jogo duríssimo, violento e com uma batalha campal entre palmeirenses e PM no intervalo.
Antonio, a questão é: os sãopaulinos fariam um post sobre serem chamados de bambis, ou os corintianos de gambás?
Como você mesmo disse, optamos pela data a partir da qual assumimos a nova mascote. Achamos que fazia mais sentido.
Concordo. Só quis dizer que a piadinha sobre “porcua tristis” remete, pelio menos pra mim, ao fim dos anos 70. Desde lá que escuto essa, ano sim, outro também. Grande abraço!
Perdeu mais uma ontem.