
Não dava pra não colocar o cavalinho
Ano esquisito esse. Crises, notícias ruins aos montes, entre as quais a cada vez mais inacreditável queda do avião da Chapecoense, inúmeros famosos que se foram (sim, todo ano os há, mas a safra de 2016 parece ter sido maior – e no meu caso a que mais doeu sem dúvida foi a de Gaúcho, meu primeiro ídolo). O mundo fora do futebol – sim, ele existe – foi turbulento.
Para os palmeirenses, contudo, o ano dificilmente poderia se encerrar de maneira melhor. O Brasil voltou a ser nosso (depois de um ou vinte e dois anos, como preferir), ensinamos ao país inteiro com quantos títulos se faz um enea e as perspectivas para 2017 são também muito animadoras.
O começo não foi lá essas coisas, e o capital conquistado por Marcelo Oliveira ao levantar a Copa do Brasil rapidamente se esvaiu. Já em março ele se foi, mas o substituto foi um tiro na mosca. #VoltaCuca
De maio a novembro, com raros momentos de turbulência, o Verdão navegou em mares tranquilos (claro que só podemos afirmar isso mais de um mês após o final feliz, mas o fato é que, revendo calmamente, foi assim mesmo). Não teve nem cheiro de desgraça. 2009 nunca mais.
Agora, enfim trazemos para você o resumo da já saudosa temporada verde. Você poderá compará-la com os anos anteriores clicando aqui para 2015, aqui para 2014 e aqui para 2013.
Se faltou algo que chame sua atenção, use a caixa de comentários; queremos fazer deste texto o mais completo resumo estatístico do ano em que o maior campeão nacional foi novamente campeão nacional (admito: este parágrafo ficou igual ao de 2015. Bom que seja assim, não?).
Nota: este Instituto Palestrino de Estatística não faz tudo sozinho. Agradecemos alguns dados obtidos através da sempre recomendada Porcopedia e os dados sobre assistências e gols do Brasilerão enviados pelo amigo @edersep.
Chega de papo. Mergulhe agora nos números do ano. O ano do número 9.
Desempenho
Aproveitamento: 62%
Jogos: 67 (Série A 38, Paulista 17, Libertadores 6, Copa do Brasil 4, Amistosos 2)
Vitórias: 36 (Série A 24, Paulista 8, Libertadores 2, Copa do Brasil 1, Amistosos 1)
% Vitórias: 54 (Série A 63, Paulista 47, Libertadores 33, Copa do Brasil 25)
Empates: 16 (Série A 8, Paulista 4, Libertadores 2, Copa do Brasil 1, Amistosos 1)
% Empates: 24% (Série A 21, Paulista 24, Libertadores 33, Copa do Brasil 25)
Derrotas: 15 (Série A 6, Paulista 5, Libertadores 2, Copa do Brasil 2)
% Derrotas: 22% (Série A 16, Paulista 29, Libertadores 33, Copa do Brasil 50)

O primeiro jogo do ano
Gols, gols, gols
Gols marcados: 110 (Série A 62, Paulista 29, Libertadores 12, Copa do Brasil 5, Amistosos 2)
Gols marcados por jogo: 1,64 (Série A 1,63; Paulista 1,70; Libertadores 2,00; Copa do Brasil 1,25)
Gols sofridos: 63 (Série A 32, Paulista 19, Libertadores 8, Copa do Brasil 4, Amistosos 0)
Gols sofridos por jogo: 0,94 (Série A 0,84; Paulista 1,12; Libertadores 1,33; Copa do Brasil 1,00)
Saldo de gols: 47 (Série A 30, Paulista 10, Libertadores 4, Copa do Brasil 1, Amistosos 2)
Tripletes: nenhum (último: Lucas Barrios (4×1 Fluminense, 16/9/2015)
Maior goleada aplicada: 4×0 River Plate-URU, Atlético-PR e Figueirense
Maior goleada sofrida: 1×4 Água Santa
Jogo com mais gols: Palmeiras 4×3 Grêmio
Placares mais comuns: 2×0 (dez vezes), 2×1 e 1×2 (oito vezes cada)

Essa bola marota será o gol mais incrível de 2016
Os gols do Brasileirão
Os 62 tentos alviverdes foram assim distribuídos:
29 de pé direito de dentro da área
8 de pé esquerdo de dentro da área
4 de pé direito de fora da área
4 de pênalti (e não venham com essa de que isso afinal é pé direito ou esquerdo dentro da área)
1 de falta (em dois toques)
16 de Cucabol cabeça

Lá vem Cucabol
Classificações finais
Série A: ENEACAMPEÃO!
Libertadores da América: 18º colocado
Campeonato Paulista: quarto colocado
Copa do Brasil: quadrifinalista

É nossa
Jogadores
Quem mais atuou: Vítor Hugo (59)
O resto do pódio: Dudu e Jean (53 cada)
Os outros top 10: Gabriel Jesus (48), Zé Roberto (51), Fernando Prass (41), Thiago Santos (40), Moisés e Tchê Tchê (39 cada), Alecsandro (36)
Quantos jogadores atuaram: 41 (nove a menos que em 2015, sendo que dois estrearam na última rodada)
Artilheiro: Gabriel Jesus, 21 gols
O resto do pódio: Alecsandro (12) e Dudu (9). Em 2015 o terceiro tinha feito 14 (Cristaldo), mas em 2014 apenas 5 (Wesley).
Os outros top 10: Jean (8), Vítor Hugo, Rafael Marques e Allione (5 cada), Moisés, Cleiton Xavier, Róger Guedes, Thiago Martins, Barrios, Mina e Cristaldo (4 cada)
Mais assistências: Dudu (12)
O resto do pódio: Robinho (8) e Cleiton Xavier (7)
Os outros top 10: Jean (6), Róger Guedes (5), Gabriel Jesus, Alecsandro e Thiago Santos (4 cada), Zé Roberto, Egídio e Rafael Marques (3 cada)
Quantos jogadores marcaram: 23 (fora um gol contra)

O que mais jogou e o que mais marcou
Cartões
Mais cartões vermelhos: num ano com incrivelmente apenas dois expulsos, somente Gabriel Jesus (contra o Rosario Central) e Allione (Grêmio, em momento decisivo da Copa do Brasil) foram pro chuveiro mais cedo. Em 2015 haviam sido 10 vermelhos.
Recorde: O Palmeiras se tornou o primeiro clube na história dos Brasileiros de pontos corridos a terminar o torneio sem expulsões.
Mais cartões amarelos: Gabriel Jesus (claro), 16. Depois Thiago Santos (claro), 12, Vítor Hugo 11, Alecsandro 10, Matheus Sales 9, Edu Dracena 8.
O santo: Cristaldo, 11 jogos sem cartão. Ano passado Rafael Marques passou ileso em 56 partidas
Cartões no banco: houve seis cartões amarelos dados a jogadores no banco em nossas partidas. O único palmeirense advertido assim foi Vagner, contra o Santos na semi do Paulista; no mesmo jogo Elano também foi punido assim – pela segunda vez no ano, já que no 0x0 da primeira fase isso já tinha acontecido!
Técnicos
Marcelo Oliveira: 12 partidas, com 5V/5E/2D (aproveitamento 56%)
Cuca: 51 partidas, com 29V/11E/11D (aproveitamento 64%)
Houve ainda partidas com Tico dos Santos (1×2 Nacional), Alberto Valentim (2×0 São Paulo) e Cuquinha (2×0 Flu no turno e 1×3 Botafogo)

Cucampeão
Nossa casa
Jogos no Allianz Parque: 27
Maior público e renda: 40.986 pagantes e R$ 4 171 317,26 em Palmeiras 1×0 Chapecoense.
Recorde: este jogo marcou o maior público da história do centenário Palestra Itália (que datava de 1976)
Menor público: 18.413 pagantes em Palmeiras 1×2 Ferroviária
Menor renda: R$ 915 440,54 em Palmeiras 4×1 Capivariano
Público total: 855.651 (média de 31.691 por partida)
Renda total: R$ 56.113.907,32 (média de R$ 2.078.292,86 por jogo)
Ticket médio: R$ 65,58 por ingresso (7,5% a menos que em 2015).
Times que nos visitaram mais de uma vez no ano: apenas um, o Santos.
Jogos de mata-mata: 3, com duas vitórias e um empate.
Jogos em que era obrigatório vencer: 2, com uma vitória (River Plate-URU, e não adiantou) e um empate (Grêmio)
Gol Sul: marcamos 30, sofremos 6
Gol Norte: marcamos 20, sofremos 12

Vira, vira, vira… virou?
Jogos em que saímos ganhando: 44
Viradas sofridas: 2 (Linense, Cruzeiro)
Jogos em que saímos perdendo: 18
Viradas conseguidas: 2 (São Paulo, Vitória)
Todos estes jogos com viradas terminaram 2×1. Vale ainda destacar, claro, que em Palmeiras 4×3 Grêmio houve uma virada e uma revirada.

Esse foi o empate. O cara mais atrás virou
Adversários
Clássicos: 10 (5 vitórias, 3 empates, 2 derrotas). Aproveitamento: 60%
Corinthians: 3V sem levar gol, o que não acontecia desde 2007.
São Paulo: 2V/1D
Santos: 3E/1D
Quem marcou em clássicos: Mina 3, Dudu e Rafael Marques 2, Robinho, Cleiton Xavier, Vítor Hugo e Moisés
Clubes estrangeiros enfrentados: 4 (Libertad, River Plate-URU, Rosario Central, Nacional)
Times enfrentados mais vezes: Grêmio e Santos (4 vezes cada)

Batemos o Corinthians em três estádios diferentes
Ineditismos
Novos jogadores: 16 (Artur, Edu Dracena, Erik, Fabiano, Fabrício, Jean, Mina, Moisés, Régis, Rodrigo, Roger Carvalho, Róger Guedes, Tchê Tchê, Vagner, Vinicius Silvestre, Vitinho) – doze a menos que 2015
Novos artilheiros*: 9 (Erik, Fabiano, Jean, Mina, Moisés, Róger Guedes, Tchê Tchê, Thiago Martins, Thiago Santos)
*jogadores que marcaram seu primeiro gol este ano
Novos adversários: 2 (River Plate-URU e Água Santa)
Novos estádios: 2 (Domingo Burgueño em Maldonado-URU e José Liberatti em Osasco-SP)

Que primeiro gol, hein, Fabiano?
Maiores sequências
Vitórias: 3 (diversas vezes)
Invencibilidade: 10 (Chapecoense, Vitória, Atlético-PR, Ponte Preta, Fluminense, Botafogo-PB, São Paulo, Grêmio, Flamengo, Corinthians)
Derrotas: 4 (Nacional-URU, Audax, Red Bull, Água Santa)
Jogos sem vitórias: 5 (São Bento, Oeste, Linense, River Plate-URU, Santos)
Jogos marcando gols: 13 (todos entre Audax e Fluminense no 1º turno do BR)
Jogos sem marcar gols: 1 (dez vezes). Ou seja, o Palmeiras em nenhum momento do ano ficou dois jogos sem marcar.
Jogos sem levar gols: 3 (Libertad, Nacional e Botafogo-SP, os três primeiros jogos da temporada)
Jogos levando gols: 4 (três vezes)

Jailsão teve uma sequência própria de 19 jogos invicto no BR
Árbitros com 3 ou mais jogos ou de finais
Cinco jogos: Dewson Freitas (2×1 Flamengo, 3×0 Botafogo-PB, 3×2 Santa Cruz, 0x1 Santos, 2×1 Vitória)
Três jogos: Anderson Daronco (incluindo o Palmeiras 1×0 Chapecoense da taça), Heber Roberto Lopes, Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza Raphael Claus, Ricardo Marques Ribeiro e Vinicius Furlan
Bola na marca fatal
Disputas de pênaltis: 2, com 2 derrotas (Nacional-URU em torneio amistoso e Santos no Paulista)
Pênaltis cobrados nestas disputas: 11, com 5 acertos e 6 erros.
Um acerto e um erro: Rafael Marques e Fernando Prass
Um acerto: Zé Roberto, Cleiton Xavier, Jean
Um erro: Dudu, Allione, Gabriel Jesus, Lucas Barrios
Pênaltis defendidos por Prass (nas disputas): Fernández, Ramírez e Lucas Lima
Pênaltis defendidos durante os jogos: Marco Rúben (Rosario Central) e Lucca (Corinthians)

Já já vai ter gol. Do Palmeiras.
Algumas curiosidades
– O Palmeiras finalmente deixou de ser o pior time paulista no BR, o que vinha acontecendo seguidamente desde 2011 (2010 se incluirmos os times do interior).
– Pela primeira vez desde 1997 o Palmeiras foi o paulista melhor colocado no Brasileiro.
– O Palmeiras atuou em 9 Estados durante o ano: SP, RJ, MG, PR, SC, RS, BA, PB, PE; além disso, atuou no Distrito Federal e em dois outros países (Argentina e Uruguai).
Os 5 principais jogos do ano em nossa opinião
Palmeiras 2×0 Rosario Central (Libertadores da América): esse jogo não entra por ter sido particularmente importante na temporada, e sim como homenagem a uma das maiores atuações individuais do Verdão no século, certamente a maior do novo estádio. O que Fernando Prass fez foi um espanto.
Palmeiras 4×0 Atlético-PR (Brasileiro): após a queda no Paulista, Cuca havia dito que o time seria campeão brasileiro. A estreia no torneio demonstrou que não eram palavras ao vento.
Botafogo 3×1 Palmeiras (Brasileiro): uma derrota sim, por que não? Foi aqui que Cuca percebeu que para garantir a taça seria necessário mudar um pouco o estilo. Nasceu então o time que só perderia um dos 21 jogos seguintes e com enorme solidez rumou para a glória.
Corinthians 0x2 Palmeiras (Brasileiro): no momento mais difícil do segundo semestre, um simples empate em Itaquera poderia custar a liderança. Mas o time foi absoluto, dominou do início ao fim e ganhou um embalo decisivo.
Palmeiras 1×0 Chapecoense (Brasileiro): entramos 98% campeões, saímos 100%. Um jogo que apesar do placar magro nunca fugiu ao controle, ainda mais com a calma de quem sabia que ao mesmo tempo o Santos tropeçava – o que por si só bastava. E, claro, uma partida que jamais será esquecida não só por representar a reconquista do Brasileirão como por ter sido o ato derradeiro de 13 jogadores e um técnico. De todos os atletas da Chape que atuaram aquele dia, apenas Alan Ruschel escapou da morte 30 horas após o apito final. Não era a intenção terminar esse textão assim, mas agora vejo que não consigo fazê-lo de outra forma. Que sejam sempre lembrados.

No Allianz, o adeus